domingo, 21 de março de 2010

11/03/2010 - Cem Anos de Assessoria de Imprensa

Boa noite pessoal,

O grupo formado por Ariane Alves, Grasiano Souza, Moema Rabelo e Mônica Salmazo, foi o ultimo a se apresentar, o capítulo era o 1, que relatava o CEM ANOS DE ASSESSORIA DE IMPRENSA, escrito por Manoel Carlos Chaparro.




Cem Anos de Assessoria de Imprensa

O jornalismo é o meio que as empresas usam para atingir seus clientes, seu público. A institucionalização do mundo surge juntamente com a democracia e, agora, a globalização. Ao fazer isso, as empresas passaram a tornar o jornalismo, que deveria ser um espaço público com interesses do povo, em discursos particulares das empresas ou carreira individual de alguns. Ao ver que isso funcionava as instituições privadas e públicas passaram a preocupar-se com as relações com a imprensa.1906: o jornalista americano Ivy Lee inventou a atividade especializada que hoje chamamos de assessoria de imprensa ou de comunicação. Ainda neste ano ele abriu o primeiro escritório de relações públicas do mundo (Nova Iorque), abandonando, assim, a carreira de jornalista.


Capitalismo selvagem

1875 – 1900: OS EUA passam por uma era de prosperidade (era dourada), durante a qual, o poder passou das mãos da aristocracia dos plantadores do Sul às mãos da nova classe de homens ambiciosos, os self-made-men. Formada em parte pelos fazendeiros do Oeste e, em parte, por capitalistas industriais das cidades do Leste. A Guerra Civil introduziu um período de caçada ao dólar e de exploração. Os audaciosos empreendedores do Norte alimentaram as fronteiras de seus negócios. Especulavam com terras, construíam estradas de ferro, exploravam recursos minerais, abriam bancos. No desfrute de um próprio poder político, em proveito de seus negócios. O poder permitia-lhes controlar o governo e colocar-se acima das leis. O conceito de moral fora desfigurado e, a riqueza, era sinônimo de virtude. Surgia a ideologia da produtividade. Os industriais americanos enxergaram na racionalização controlada do trabalho uma forma de aumentar o lucro e conter o avanço da resistência operária. Tamanha ganância dos barões serviu para criar históricas reações cívicas. No surgimento de um novo tipo de jornalismo, mais realista, de denúncia, se destacavam Thomas Lawson, Ida Tarbell e Upton Sinclair, acusadores implacáveis dos industriais.Os grandes capitalistas, denunciados, acusados e acuados, encontraram Ivy Lee para evitar denúncias partindo de uma nova atitude (respeito pela opinião pública). A partir daí auxiliar os empresários a corrigir sua imagem perante a opinião pública tornou-se um negócio. Surgiu a assessoria especializada em fornecer notícias para serem divulgadas jornalisticamente, não como anúncios ou matéria paga.


Princípios e Ações

Declaração de Princípios de Ivy Lee em forma de carta aos editores (documento histórico):
“Este não é um serviço de imprensa secreto. Todo nosso trabalho é feito às claras. Pretendemos fazer a divulgação de notícias. Isto não é agenciamento de anúncios. Se acharem que o nosso assunto ficaria
melhor na seção comercial, não o usem.Nosso assunto é exato. Maiores detalhes, sobre qualquer questão, serão dados prontamente. E qualquer diretor de jornal interessado será auxiliado, com o maior prazer, na verificação direta de qualquer declaração de fato.Em resumo, nosso plano é divulgar, prontamente, para o bem das empresas e das instituições públicas, com absoluta franqueza, à imprensa e ao público dos Estados Unidos, informações relativas a assuntos de valor e de interesse para o público.”
Após essa declaração, o sucesso foi imediato, e fez escola. Operação “fecha-boca”: nome dado à magníficos empregos aos jornalistas, “para que não atacassem as empresas e, ao mesmo tempo, as defendessem.


Crise e as Relações Públicas - 1929

Assim como tudo ruíra em meio a tormenta econômico-financeira de 1929, os trabalhos dos profissionais de relações públicas também passou a ser questionado. Os “jornalistas-relações-públicas” eram adorados quase como deuses e, durante a crise, passaram a ser hostilizados e odiados pelos acionistas. Em 1932 surge um símbolo para os RP’s: Franklin Delano Roosevelt, o então presidente dos Estados Unidos da América. Seus planos faziam reerguer o orgulho da nação através da economia e relações sociais, despontando como líder carismático.A Crise de 1929 fez com que a população procurasse não somente saber informações, mas sim compreende-las. Com a pressão do povo as empresas e instituições passaram a organizar-se para atuar como fontes. Tudo isso resultou em meados da década de 30 o crescimento físico, teórico e estratégico das relações públicas, tornando-se uma matéria do curso de Administração das Universidades de Yale, Harvard e Columbia. Escolas americanas de Relações Públicas.


Modelo Exportado

1940 – A atividade de relações públicas transbordou para o Canadá. 1946 – Entrou na Europa, pela França, por iniciativa da Esso Standard e da Shell. 1950 – Passou para Holanda, Inglaterra, Noruega, Itália, Bélgica, Suécia e Finlândia. 1958 – Chegou até a Alemanha. Essa experiência européia caracterizou-se pelo predomínio da divulgação propagandística, assumindo-a, finalmente, como essência de sua natureza EUA em 1936: seis em cada grupo de 300 empresas possuíam serviços de relações públicas; 1961: 250 em cada grupo de 300. 1970 (época em que escreveu seu livro): “podemos pressupor que hoje em dia a proporção deve beirar os 100%”.


O boom brasileiro

Em 1964 as relações públicas tiveram no Brasil um grande desenvolvimento, com isso os RP’S generalizaram-se, na iniciativa privada e no serviço publico e principalmente a pratica de assessoria de imprensa. Já no ano de 1968, a academia da área de Administração já esta desvinculada como carreira e também na área de estudo, nos cursos de Comunicação, juntamente com a área de Relações Publicas que conquistou uma regulamentação no campo profissional, podendo colidir com outras profissões, principalmente com o jornalismo.


MODELO JORNALÍSTICO, UMA EXPERIÊNCIA BRASILEIRA

1971: Na cidade de São Paulo, os jornalistas Reginaldo Finoti e Alaor José Gomes fundaram a Unipress, com uma proposta nova, de assessoria de imprensa. A Unipress consolidou um novo modelo jornalístico de assessoria de imprensa, com uma técnica lúcida e simples.
1973: Outro jornalista surgia no mercado com um nova ideia para assessoria de imprensa, desta vez Ênio Campói acreditava fielmente na possibilidade jornalística, na assessoria de imprensa. Desde então, vários jornalistas começaram a implantar nas empresas a assessoria de imprensa, dando ênfase à base de autonomia em relação às estruturas, teorias e práticas de relações públicas.
1980: O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo criou a Comissão Permanente e Aberta dos Jornalistas em Assessorias de Imprensa, que era denominada de vertente sindical.1986: Surgiu a Associação Nacional das Empresas de Assessoria de Imprensa e Comunicação Social (Aneci), que ficou conhecida como a vertente de jornalistas empresários, com Enio Campói na presidência, e Reginaldo Finotti e Alaor José Gomes, fundadores.


Revolução das Fontes

1980:
O Brasil passa a implementar a ruptura entre a assessoria de imprensa e suas raízes de relações públicas, isso faz com que se crie uma experiência de assessoria de imprensa jornalística única no mundo.1995: Cerca de um terço dos jornalistas profissionais com carteira assinada trabalhava fora das redações. Ou seja, nas fontes.Surge uma revolução das fontes baseadas em informações. Isso veio com a instantaneidade. Isso se mostra através de duas variáveis:
1. Com a eliminação do intervalo entre o fato e seu relato, a notícia passou afazer parte do acontecimento;
2. Formatado como notícia, o acontecimento ganhou eficácia de ação discursiva, para confrontos e efeitos imediatos.
Por que noticiar? Hoje, é a forma mais eficaz de interferir no mundo. As fontes não detêm ou retém mais informações, são apenas instituições de reprodução de falas, fatos, saberes, produtos e serviços com atributos de notícia. Isso faz com que os profissionais adquiram habilidades e as usem para promover seus produtos, tirando proveito da linguagem jornalística.
· É preciso tomar cuidado para que não se dê abordagem moralista à notícia;
· Devemos reconhecer que as relações entre instituições e imprensa decorrem em interfaces conflitantes (de um lado estão os jornalistas e seu obrigatório vínculo ao interesse público; do outro, as instituições, em ações determinadas pela prioridade do interesse particular).
· Pelos interesses particulares, entretanto, não deve o jornalismo deixar-se envolver, sob risco de comprometer a própria confiabilidade, que à sociedade interessa preservar.
· Por causa dessa confiabilidade, a sociedade espera da atuação jornalística, comportamentos e critérios valorativos vinculados às razões do interesse público, para que os conflitos manifestados no espaço e no tempo do jornalismo sirvam ao aperfeiçoamento dos acordos sociais.

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